segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Arlene Miranda no Dança Alagoas


Arlene Miranda Jornalista e escritora
Membro da Academia Maceioense de Letras
arlenemiranda2008@gmail.com
 
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...............A ESPERANÇA NOS FORTALECE
.....................Todos nós, neste mundo, estamos sujeitos a enfrentar os reveses da vida. Nosso cotidiano está constantemente imerso em perturbadora atmosfera. São os imprevistos que invadem nossa vida como um furacão e nos fazem mergulhar em depressão e sermos levados a um estado de espírito que nos desespera.
.....................Mas, frente aos males que nos afligem, devemos assumir uma posição de coerência sob os ensinamentos do Evangelho que nos instruem a erguer a bandeira da esperança, atiçando a chama que necessitamos manter acesa em nosso coração.
.....................Ante os fatos dolorosos, devemos contrapor os ensinamentos do Senhor, os quais nos ajudarão a sobreviver. Sem essa visão transcendente, fundamentada na fé, a atormentadora realidade que nos cerca torna-se um fardo difícil de carregar.
.....................É certo que a constatação de um fato triste pode nos levar ao desespero se nos faltam coragem e fé para enfrentá-lo. Há, porém, em nosso desalento, uma única força que nos sustenta: a esperança. Ela se torna alicerce sem o qual o edifício viria a ruir. As virtudes da esperança e da fé nos fazem confiar ilimitadamente na reconstrução de nossa vida e vencer as adversidades. Não se trata de nos apoiarmos na nossa força interior, mas, sobretudo, na fé no Altíssimo. Nossa força .....................interior tem o seu valor, é certo, mas, por ser relativa, falha. E se isso acontece, nos lançamos à desesperança. Se estivermos suspensos num precipício, devemos buscar um amparo: o amparo da esperança, garantia que vem de Deus, que nos amparará no momento em que segurarmos em sua mão Santíssima.
Indispensável à nossa vida, a esperança é uma das três virtudes teologais, juntamente com a fé e a caridade.
.....................O mundo, infelizmente, julga por valores diversos. Assim, valem o imediato e as aparências enganosas, tais como a riqueza, os prazeres, fazendo com que as pessoas se inclinem para o transitório e não para o que é ensinado por Deus.
.....................Esse é o ambiente em que vivemos, a atmosfera que respiramos. A fé enfraquecida leva o homem ao desespero. Quanto mais triste o mal que nos aflige, maior deve ser a nossa confiança em Deus. Ele é o sustentáculo.
A esperança é um remédio indispensável ao nosso viver. Não me refiro à esperança obcecada, irreal, mas à esperança íntima que alimentamos dentro de nós, qual um lampejo que ilumina o breu da realidade; a esperança convicta de que tudo será resolvido da melhor forma, devolvendo-nos a paz e a tranquilidade.
.....................Nada sei de psicologia, mas creio que esta seja, de alguma forma, uma defesa da mente quando se está vivendo momentos extremamente difíceis como este que estou vivendo agora; uma forma oculta de conforto no subconsciente. Seja como for, talvez o que nos levante seja este lampejo de esperança e a nossa fé inabalável em Deus. Quando passar a tormenta e o frio parecer menos cortante, por certo a nova realidade proporcionará um alento ao nosso coração e minorará a nossa agonia.
.....................A esperança, sentido que nos dá à vida, aponta para o possível. Mesmo que estejamos prestes a desabar, ante o imprevisível que teima em desarrumar nosso caminho, a luz surge e nos mostra que na vida é preciso saber enfrentar a dor com coragem e fé e tudo será vencido, com a Graça de Deus. Topo da Página
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.........................................................................SOLIDÃO URBANA
...........................As ruas lotadas, um vai-e-vem de pessoas aflitas, anseios espalhados por todos os cantos, a maioria delas em busca de realização. Cada dia é mais notório o aumento de pessoas que moram sozinhas. A solidão urbana é um fenômeno que cresce no nosso cotidiano. A estrutura social pode ser um fator gerador desse fenômeno, levando pessoas a se isolarem, reclusas em suas próprias solidões. A substituição das relações sociais fora de casa, a dificuldade de se construir relações na sociedade moderna, talvez seja devido à fragilidade humana, levando o homem a pensar na problemática que pode ser a causa de certos indivíduos cada vez mais se isolarem do mundo exterior; de uma sociedade que o assusta e com a qual não se identifica. Suas deficiências são múltiplas e o levam ao isolamento devido à dificuldade que tem de comunicar-se.
...........................Há que se considerar o vácuo que se estabeleceu entre a sociedade moderna e o indivíduo. Faz-se necessário dar-se atenção aos consequentes fenômenos desse comportamento dentro da atual sociedade urbana.
...........................Um ponto importante a considerar é que a vida moderna e a individualização são características essenciais às grandes metrópoles, onde as coisas fluem rapidamente, em que as pessoas estão sempre apressadas e preocupadas com seus inúmeros problemas. Essa visão da vida dos grandes centros urbanos acaba dificultando o estabelecimento de relações sociais frequentes. Cada qual com seus problemas, geralmente não têm tempo de participar dos problemas dos outros, É a vida moderna que corre célere, matando o sentimento de sociedade e urbanidade, tornando o homem egoísta, egocêntrico, no afã de alcançar suas realizações. É a busca da estabilidade, é a conquista dos ideais, é o temor de fracasso profissional. Na sociedade capitalista, o trabalho torna-se o ponto principal na vida das pessoas, diminuindo as relações sociais e, com isso, a sensação de solidão. Hoje, na cidade grande, não se tem tempo nem para conhecer o lugar onde se vive, nem o vizinho do lado, fenômeno que não afeta os centros menores, onde o homem ainda consegue se comunicar com os outros e fazer amigos.
...........................Diante desse quadro, faz-se necessário buscar novos valores que deem significado à vida e à relação com o mundo.
Essa forma de sociedade, na qual estamos inseridos, pode aguçar a personalidade do indivíduo e o afastar do contato social. Se uma pessoa se sente só não é porque ela escolheu se isolar, mas porque a sociedade não lhe dá mecanismo para ela se integrar socialmente.
...........................Quantos rostos cruzam conosco na multidão, dando a impressão de que perderam o encanto pelo que está à sua volta. É como se a “vida desencantada” e a exacerbação do cotidiano, da vida racionalizada, causem-lhes um vazio, já que, em tempos passados, a magia de viver era quem movia esses valores e proporcionava “encantamento ao mundo”. Isso talvez explique porque a solidão do homem atual seja o maior desafio dos grandes centros urbanos. Cadê as cadeiras nas calçadas, promovendo o papo cordial de vizinhos, mais amigos que vizinhos? Cadê a solidariedade entre eles? Antigamente, as pessoas destacavam essa necessidade para viver em sociedade; hoje, as pessoas se afastam e impõem restrições aos relacionamentos, como se ninguém – ou quase – merecesse confiança. Isso gera um vazio enorme, já que são as motivações individuais que fortalecem os bons relacionamentos.

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...........................................O ENCANTO DAS LIVRARIAS DE OUTRORA
.......................Outro dia, passando por uma das pouquíssimas livrarias, ainda existentes em Maceió, senti falta das livrarias de outrora. Vieram-me à lembrança a José de Alencar e a Machado, situadas na Rua do Comércio que, nas décadas de 50 e 60 viveram o seu apogeu. A José de Alencar ficava no trecho principal da Rua do Comércio, perto do Relógio Oficial, local privilegiado, ocupado também pelo Bar Helvética e o Bar Colombo, onde costumavam se reunir, todas as tardes, os escritores Graciliano Ramos, fumando o seu inseparável cigarro Selma, ponta de cortiça, Aurélio Buarque de Holanda, Jorge de Lima, José Lins do Rego, Santa Rosa e outros intelectuais que já começavam a despontar no cenário literário nacional.
.......................Com uma ponta de nostalgia, fiquei a pensar naquele tipo de livraria que já não existe hoje em Maceió – estabelecimento em que era possível encontrar coisas agradáveis, tanto livros como gente, o que significa cultura e inteligência: o professor e o aluno, o romancista e o poeta, o erudito e o curioso, atrás de uma novidade. Aquelas livrarias dos anos 50 e 60 conservavam uma atmosfera de remota tradição cultural dos salões literários. Não eram, apenas, uma loja para vender livros. Eram um ponto de encontro para o bate-papo, a troca de idéias e “fuxicos”.
.......................Livrarias como as de outrora deveriam constar de livros de memórias. Elas faziam parte da vida cultural de uma cidade, de um país. No caso de Maceió, as livrarias deveriam ter uma história inseparável da própria história de nossas letras. Como exemplo notório, bastaria evocar os maiores escritores daquelas décadas, que faziam ponto na José de Alencar para o bate-papo costumeiro, cercados pelos velhos amigos e pelos admiradores. Nela se encontravam livros, amigos e amigos dos livros. Essas livrarias tinham uma missão especial: estimular o vício da leitura e contribuir para a definitiva dependência desse objeto sagrado que é o livro.
.......................A Livraria José de Alencar está ligada às minhas reminiscências por ser um lugar onde se encontravam todos os tipos de livros e onde se respirava cultura, tendo à frente, atendendo aos fregueses, com distinção e cordialidade, o simpático Aurino, antigo funcionário da casa, motivando a todos a frequentarem o estabelecimento.
.......................Quando publiquei a primeira edição do meu romance, A Hora Presente, em 1966, eu deixava os exemplares na José de Alencar, sob a responsabilidade do Aurino de vendê-los. Em poucos dias, esgotavam-se todos os livros, e o gentil vendedor me solicitava mais volumes para suprir o estoque. Assim, a edição esgotou-se em um mês. Aurino teve a feliz idéia de colocar sobre o balcão, no primeiro plano, uma charge feita por meu amigo e colega da Gazeta de Alagoas, o chargista Nunes, desenhada em cartolina, na qual se via um comprador dirigindo-se ao vendedor: “O senhor tem livros usados?” Ao que o vendedor respondia: “Não. Mas temos este aqui muito ousado”. Mais do que isso, porém, o que o Aurino fez para promover o sucesso de vendagem do meu livro foi incentivar o leitor a adquiri-lo, com o seu jeito afável e cordial. Assim, eu voltei para o Rio de Janeiro quase sem livros, mas com a certeza de que a simpatia é a alma do negócio.
.......................Hoje, infelizmente, as poucas livrarias que temos não possuem o encanto das de outrora, com ambiente frio e impessoal, sem darem o devido valor aos escritores da terra, o que é lamentável.

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......................................................ESSAS CRIANÇAS DE HOJE
.......................O que está acontecendo com as crianças de hoje? Precocidade ou envelhecimento rápido? É impressionante como as crianças atuais são desinibidas e determinadas, com vontade própria, com atitudes que jamais imaginávamos ver um dia. Abisma-me observar o quanto elas são sabidas e atualizadas, opinando sobre o que acontece à sua volta, com posicionamentos definidos. Hoje, decidem o que vão vestir, escolhem o presente que querem ganhar no aniversário e no Natal, discutem suas preferências como gente grande e se intrometem nos assuntos dos adultos.
.......................Outro dia, deparei-me com uma menininha de seus 6 anos. Chamou-me a atenção a maneira como estava vestida: uma saia jeans, curtíssima e – o que mais me impressionou – uma sandália alta, de plataforma, dessas que as mulheres usam para sustentar seu gracioso caminhar. Andando em cima daqueles saltos, a garotinha mal conseguia se equilibrar. Seus cabelos soltos também me assustaram por sua cor vermelha, acaju, incomum para uma criança daquela idade.
.......................Diante da figurinha que tentava andar faceira como uma adulta, eu, ingenuamente, fiz esta reflexão: como pode uma mãe permitir um absurdo desse? Na verdade, com tão pouca idade a criança não tem formação em sua anatomia para usar uma sandália daquela altura, o que pode prejudicar seus ovários em desenvolvimento. Mas como fui ingênua em minhas considerações! Desde quando, hoje em dia, os pais exercem autoridade sobre os filhos? Há exceções, é claro, mas são poucos os pais que conseguem impor sua autoridade sobre os pequenos. A maioria deixa-se dominar por eles, não sei se por comodismo, por fraqueza ou falta de autoridade mesmo.
.......................Um dia desses, outra cena me deixou perplexa: foi quando uma mãe falava ao telefone com uma amiga e, em determinado momento, o filho, aos gritos, mandou que ela calasse a boca e desligasse o telefone, o que ela obedeceu sem nenhuma reprimenda. Diante daquele absurdo, fiquei a pensar: é devido a coisas como esta que as crianças de hoje são tão indisciplinadas. Não há freios para elas. Elas podem tudo.
.......................Apesar de estranhar um pouco as mudanças no comportamento infantil, penso que talvez haja nisso um lado positivo: as crianças evoluem e aprendem a andar com as próprias pernas, desinibem-se e passam a ser determinadas. Isso também concorre para desenvolver sua personalidade, embora a educação vá para o brejo. O que é preciso é não deixar que elas nos dominem e que expandam sua rebeldia de maneira desenfreada.
.......................Eu, particularmente, acho as crianças um encanto, só não aceito a educação que lhes vem sendo dada pelos adultos (familiares e educadores), transformando-as em “aborrecentes” no futuro.
.......................Há, no entanto, muitas coisas salutares praticadas por essas crianças precoces. Por exemplo, as opiniões que emitem sobre coisas do dia-a-dia, os posicionamentos que assumem no seu cotidiano, suas “tiradas” sensacionais, são encantamentos que as tornam tão especiais e admiráveis. Essas crianças provam que não há código natural para medir suas relações com o mundo, de tal maneira que há que se encontrar, em cada caso, a maneira de mediar o resultado de seu caráter mítico. É aí que dou vivas a essas crianças maravilhosas, entre as quais incluo meus sobrinhos, tão vivos, tão inteligentes, tão auto-suficientes, determinando o que devem ou não devem fazer. Mas que eu amo muito, apesar de tudo. Eles são encantadores!

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.........................................................A LEI E A SOCIEDADE
....................Há muito sabemos do abismo que existe entre a lei e a sociedade em nosso país. Sempre foi dito que no Brasil as leis não funcionam por serem idéias fora do lugar. Não concordo com esta afirmação quando se trata de questões morais em que a lei brasileira é retrógrada face à nossa realidade. Vejamos o caso do Código Penal Brasileiro, por exemplo, que há muito já deveria ter sofrido mudanças, embora muito se tenha discutido sobre isso. A discussão se concentra na necessidade de se rever vários itens já ultrapassados e maleáveis com relação a alguns tipos de delitos.
....................No Brasil, numa velocidade igual à diversificação da conduta humana, a lei deve acompanhar a dinâmica social, regulando grande parte das relações entre as pessoas ou entre elas e o Estado. Daí, a necessidade de se atualizar os Códigos Civil e Penal.
....................Juristas, magistrados, sociedade civil organizada e principalmente políticos precisam proceder a mudanças profundas e urgentes no Código de Processo Penal, que foi revisto na década de 40, e acabar com privilégios de réus, beneficiados pelas brechas da lei que permitem que criminosos confessos possam cumprir um terço da pena ou que, favorecidos por habeas corpus, esperem julgamento em liberdade. Outro item difícil de aceitar é o de um criminoso, por ser primário e ter residência fixa poder gozar de certos privilégios. Ora, o fato de alguém matar pela primeira vez não o exime de culpa. Pelo fato de ser a primeira vez, não deixa de ser crime.
....................Reportando-nos à revoltante impunidade existente no país, temos, por exemplo, o caso da advogada Mércia Nakashima, morta barbaramente, sendo o maior suspeito do crime o também advogado Mizael Bispo, ex-namorado da vítima, cujas evidências o apontam como o principal suspeito e continua solto, rindo na cara da sociedade. Sem falar no caso da jornalista Sandra Gomide, covardemente assassinada pelo ex-namorado, o também jornalista Pimenta Neves, que até hoje se encontra em liberdade sem nunca ter sofrido nenhuma penalidade. Não há nada que justifique um absurdo desse.
....................A impunidade no Brasil tornou-se revoltante e insuportável. São muitos os casos em que assassinos confessos de crimes hediondos, defendidos por advogados competentes e inescrupulosos, se beneficiam de habeas corpus e vão aguardar o julgamento em liberdade, privilegiados pelas brechas na lei existentes no nosso capenga Código Penal.
....................É inaceitável, por exemplo, a modificação do artigo 12 do projeto de reformulação de parte do Código Penal que pretende modificar parte importante da Lei de Crimes Hediondos referente ao abrandamento das penas para criminosos de grande periculosidade. Segundo este artigo, ficaria anulada a obrigatoriedade do cumprimento de pena em regime fechado, em casos de crimes graves, previstos na lei, o que beneficiaria os infratores. Onde está a concepção de justiça de quem propõe esta reformulação absurda? Não bastam as brechas da lei já estabelecidas? Isso é inconcebível.
....................No Brasil, raramente se é condenado a cumprir pena até o final da sentença, pois há a tal Progressão de Pena que beneficia o criminoso.
Outra coisa revoltante é alguém que, dirigindo bêbado, atropela e mata e, após pagamento de multa, sai livre, pronto para voltar a matar.
Está na hora de se mudar este panorama, votando as mudanças que se fazem necessárias no nosso Código Penal. É o que o Brasil espera com justiça.

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.............................................O QUE LEVOU TIRIRICA À VITÓRIA

.......................Nos anos 90, Tiririca converteu-se numa celebridade da TV ao encarnar um palhaço muito engraçado que cantava: “Florentina” e arrancava gargalhadas pelo Brasil afora. Este ano, o humorista resolveu entrar para a política, candidatando-se a deputado federal, incomodando muita gente que logo se manifestou contra a sua candidatura. Tiririca, porém, fez ouvidos moucos e levou adiante a campanha, vestido de palhaço, apresentando-se aos brasileiros como o candidato “abestado”, com o slogan: “Vote em Tiririca, pior do que tá não fica”. No programa eleitoral, ele pedia: “Votem em mim, porque eu quero ser deputado federal para ajudar os mais “necessitado”, inclusive minha família”. A estratégia valeu a Tiririca, ou melhor, a Francisco Everardo Oliveira Silva (seu verdadeiro nome) uma vitória esmagadora, com 1.353.820 votos, sendo o deputado federal mais votado, não só de São Paulo, mas de todo os estados da federação brasileira.
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A explicação para a vitória retumbante de Tiririca nada mais é – me parece – do que um protesto de boa parte do eleitorado brasileiro contra a corrupção vergonhosa que se instalou no Congresso Nacional, após tantos escândalos e impunidades que consagraram políticos inescrupulosos da Câmara e do Senado federais. Não apoio a votação de candidatos que não estejam aptos para exercer os mandatos a eles conferidos, mas a verdade é que o povo não suporta mais tanta bandalheira. A revolta vem corroendo, há anos, o brio patriótico dos brasileiros que se sentem impotentes e achincalhados em sua dignidade. Ao considerar o congresso um circo, nada mais natural do que eleger um palhaço para fazer parte de suas fileiras. A eleição de Tiririca é o retrato do sentimento de descaso que o Congresso Nacional galgou em nossa sociedade após anos de descalabros praticados por maus políticos deste país.
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Diante da vitória de Tiririca, o promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, requereu ao TER a impugnação da candidatura vitoriosa do artista, contestando seu grau de escolaridade. Aliás, este promotor, em entrevista a um programa de TV, explicando seu posicionamento, disse alto e bom som: “Houveram muitos erros na ficha de inscrição apresentada por Tiririca ao Tribunal Eleitoral”. Ora, para um promotor que contesta, justamente, os conhecimentos gramaticais de um homem humilde, de pouca escolaridade, um erro crasso deste, é, no mínimo, inconcebível. Precisaria estudar mais.
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O Juiz Eleitoral Aloísio Sérgio Rezende Silveira, porém, não acatou a denúncia do promotor sob o argumento de que “não há justa causa para a ação penal, uma vez que o TSE-SP, ao conceder o registro da candidatura de Tiririca, entendeu não haver qualquer causa de inelegibilidade do candidato, inclusive no que se refere à instrução mínima, ou seja, o não analfabetismo”.
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Muitas pessoas acham que Tiririca não tem condições de assumir uma cadeira na Câmara Federal, alegando que um político deve ser preparado para exercer a função. É evidente que sim, mas, antes de tudo, deve ter moral, dignidade, retidão de caráter, enfim uma ficha limpa. Não quero dizer com isso que Tiririca seja um bom representante nosso no Congresso Nacional, mas querer anular sua candidatura é uma injustiça. Porque o TER-SP não analisou as suas condições antes de conceder-lhe o registro? Essa, sim, seria a decisão correta.

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....................................................BOAS VINDAS À PRIMAVERA

.......................A primavera chegou. Esperei-a durante meses, antecipando a alegria de ver as flores multicores brotarem com seu perfume inebriante. Mas como estou decepcionada! Ela chegou, porém os dias continuam sem o seu brilho. Chego a pensar que, como tudo muda neste mundo, o calendário também mudou. Estamos em plena estação das flores, do verde, da vida, porém um ar triste paira sobre nós, deixando nosso espírito com um sentimento de inverno teimoso.
.......................O que mais nos entristece é ver as nossas praias com a água do mar turva, sem aquele verde esplendoroso da primavera. O sol indeciso até quer dar as caras, mas o tempo, com nuvens esparsas, o impede de dar brilho à vida.
.......................Afinal, onde está a primavera plena? Eu me pergunto como Machado de Assis: “Mudaria o Natal, ou mudei eu?” Será que mudamos todos nós, movidos pelo desencanto de ver o mundo caminhar sob tantos absurdos?
.......................A primavera é um estado de espírito, que infelizmente turvou-se de nuvens estranhas. Estranhas, porque neste período não se vê a sua real presença a alegrar os nossos dias. Nesta estação do ano, tais nuvens deviam se recolher para dar lugar a um céu azul extasiante. Sem sombra de dúvida, houve uma mudança que de certo tem uma causa. Primeiro, mudaram-se os tempos, depois mudaram as pessoas. O ser humano, efetivamente, não é mais o mesmo. Nunca se viu em toda a existência tantas atrocidades, barbaridades e desmandos cometidos por uma geração que surgiu devagar, silenciosa, sorrateira, dissimulada que, aos poucos, foi mostrando as garras, roubando a paz e o sossego de todos nós. Hoje, mata-se por tudo e por nada, com a tranquilidade de quem saboreia um doce. E eu, com meu espírito primaveril, me reporto à longínqua infância e recordo como procediam as pessoas antigamente, com consideração, gentileza e solidariedade para com os outros, sempre prontas para se ajudarem entre si, com o coração cheio de amor.
.......................Diante da nova realidade surgida neste jovem século, eu fico a buscar a primavera da vida, com o orvalho perolando as flores e umedecendo as manhãs, coisas de um mundo primitivo feito de ingenuidade telúrica; um mundo onde valia muito a voz dos mais velhos ensinando-nos o bem e o caminho certo. A primavera era uma festa de cores, quando o cheiro das frutas maduras enchia de sabor o nosso olfato e satisfazia o nosso paladar. A primavera existia de fato, no período certo, com toda a sua exuberância. Eu me lembro da quietude da noite, do brilho das estrelas, dos pirilampos pontilhando a escuridão e do sono chegando devagarzinho, levando-me ao novo amanhecer, às auroras frescas do raiar do dia.
.......................Hoje, muitos anos depois, a primavera já chega sem o brilho de outras primaveras que coloriram minha infância. Mudou a natureza ou mudei eu? Pelo menos, eu me esforço para não tirar o colorido da minha existência. É inegável que no mundo atual mudou o sentido de bondade, de dignidade, de honradez e honestidade, o que prova a intolerância de parte da nova geração ao praticar crimes hediondos, como estupros de crianças inocentes, violência contra mulheres indefesas, desmandos os mais vergonhosos praticados por políticos inescrupulosos e outras barbaridades.
Por tudo isso, quando falamos da bela estação, observando o simulacro de uma primavera civilizada na urbe moderna, nossos olhos se voltam para o passado, um passado que nostalgicamente vive dentro de nós.
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.......................O Jornal do Brasil, um dos mais antigos e importantes órgãos da imprensa do país, que circulou durante 119 anos, deixou de circular, na sua versão impressa, na última terça-feira, passando a ter uma versão online.
.......................O “JB” fez parte de um seletíssimo grupo de quatro dos melhores jornais brasileiros: Globo, Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. Pode-se dizer que ele serviu de modelo para muitos jornais. Suas coberturas gozavam de credibilidade e eram apreciadas pelos leitores, servindo de orientação àqueles que buscavam uma boa informação.
.......................Diz-se que, com seu fechamento, a massa arrendada da família Nascimento Brito será passada adiante, ficando os seus direitos sobre a edição impressa transferidos a possíveis interessados.
.......................Este problema, que vem atingindo, há anos, o cenário gráfico brasileiro, é realmente lamentável. Há pouco mais de um ano, outro importante jornal do país, a Gazeta Mercantil, parou de circular por problemas financeiros. Antes, já haviam fechado: Correio da Manhã, Diário de Notícias, Gazeta Esportiva, sem falar nas revistas Cruzeiro, Manchete, Fatos & Fotos e outras mais. Agora foi a vez do “JB”.
.......................A notícia do seu fechamento deixou desoladas centenas de profissionais do jornalismo, aqueles que amam sua profissão e que sabem quanto é importante um bom jornal circulando diariamente e levando os fatos do Brasil e do Mundo ao conhecimento do público ávido por notícias.
.......................Eu frequentei, na década de 60, a redação do “JB”, quando ainda funcionava na Avenida Rio Branco, antes de ser transferida para o gigantesco prédio da Avenida Brasil, e tive o privilégio de ver ali, debruçados sobre suas mesas, nomes importantes do jornalismo carioca, como Joaquim Ferreira dos Santos, Alfredo Herkenhoff que, na semana passada, lançou o livro “Jornal do Brasil: memórias de um secretário. Pautas e fontes”, Alberto Dines, José Silveira, José Nassif.
.......................Ao entrar na velha redação do “JB”, nos sentíamos tomados por um enorme fascínio; era como se penetrássemos num templo sagrado, onde podíamos nos deparar com os mais importantes nomes do jornalismo carioca da época. Todas as máquinas sendo usadas, o som das teclas produziam uma sinfonia fantástica, penetrando em nosso espírito como uma melodia. Como o computador ainda não existia, era daquelas máquinas rudimentares (Olivetti e Remington) que saiam as notícias que eram lidas avidamente pelos leitores, todas as manhãs.
.......................Na verdade, o “JB” começou a acabar desde que os herdeiros da Condessa Pereira Carneiro e seu genro MF do Nascimento Brito, atolados em dívidas, entregaram o destino do jornal a certo empresário em troca de uma renda mensal. Mas como eles continuaram responsáveis pelo passivo de 2 milhões de reais, o negócio não deu certo.
.......................Trabalhar no “JB” era o grande sonho de todo jornalista, pois, além dos ótimos salários, o jornal da Condessa era um dos de maior credibilidade, prestígio e independência.
.......................Com o passar dos anos, o “JB” afogou-se em dívidas e tornou-se uma sombra do que fora nas décadas de 50, 60 e 70, perdendo seu vigor e os talentosos jornalistas que enchiam sua redação, valores que, por razões óbvias, se bandearam para outros órgãos de imprensa, sobretudo para o Globo.
.......................É muito triste assistir à decadência daquele que foi o mais importante jornal do Brasil, hoje pedaços da história gloriosa de um dos mais importantes órgãos da imprensa brasileira.


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.......................Acabo de ler o livro “Eu, aos pedaços”, de Carlos Heitor Cony, que continua sendo o meu autor preferido.
.......................Rico em detalhes, narrativa vibrante, neste novo livro de Cony o leitor observa o amor incondicional do filho pelo pai, amor que cresce e caminha até o fim de suas vidas.
.......................Nele, Cony revela ainda sua simpatia pelo Carnaval e pelas festas juninas, vividas com emoção em sua infância, e sua vocação para falar mal de qualquer assunto, apenas pelo prazer de sustentar uma boa prosa.
.......................Ao longo da obra, Cony narra vários fatos engraçados e algumas confusões que vivenciou em suas viagens pelo mundo e faz singelas homenagens a amigos leais e a algumas personalidades que o marcaram em seus 84 anos de existência, além de se reportar à infância, à família e à política.
.......................Classificando seu livro-memória como “Uma forma de cometer biografia”, Cony nos oferece, em pequenos textos, narrativas nas quais descreve pessoas e compartilha pensamentos que moldaram a sua trajetória. São relatos de fatos reais, pincelados de ficção e poesia.
.......................Apesar de ter confessado achar que a biografia “é caminho fácil para a autotraição”, o autor já demonstrou gostar de escrevê-la. Fez isso em 1995 com “Quase memória”, como o próprio título diz. Agora, ao lançar “Eu, aos pedaços”, escrito a pedido da editora Leya, Cony afirma: “Memória é mais livre, sem compromisso cronológico e permite um pouco de ficção”.
.......................Neste seu livro, Cony percorre mais de sete décadas da própria trajetória e o divide em blocos, escritos belamente, com clareza e simplicidade, bem ao gosto do leitor, como, aliás, acontece com todos os seus livros, uma feliz particularidade de seu estilo. Os primeiros textos falam de sua infância e de seus encantos. Os seguintes são dedicados às inúmeras viagens que fez pelo mundo, à família, ao cotidiano, a personalidades, à política e à época do Golpe Militar, quando frequentou as prisões da ditadura, período sobre o qual faz comoventes reflexões. Um módulo à parte é o que fala de sua prática do jornalismo, exercido em 50 anos de trajetória, nos quais passou por redações dos mais importantes órgãos da imprensa nacional, como revistas Manchete e Veja, jornais Correio da Manhã e Gazeta de Notícias, onde deu os primeiros passos.
.......................Relembrando este estágio de sua vida, Cony confessa ter saudade de tudo. “Mesmo dos momentos amargos”, garante. E poeticamente afirma: “Tenho saudades não de fatos em si, mas de mim mesmo”.
.......................Membro da Academia Brasileira de Letras, Carlos Heitor Cony já recebeu vários prêmios literários e se consagrou como um dos mais importantes escritores brasileiros. Em sua vasta obra, parece não poupar nenhum momento vivido, nenhuma emoção, seja em seus romances, seja em suas crônicas publicadas em vários jornais do país, transformando seus escritos em verdadeiras poesias em forma de prosa.
.......................“Eu, aos pedaços” é, portanto, a reunião de 50 anos de trabalho como jornalista, com narrativas de viagens e coberturas importantes, além de histórias de família – afinal, seu pai, o também escritor Ernesto Cony Filho foi o responsável por sua escolha profissional. Aliás, é sobre o pai que Cony se reporta em vários textos de sua obra, numa prova cabal da grande admiração que nutria por ele.
.......................Esta nova obra de Cony é um excelente livro, que recomendo na certeza de que seus primorosos textos irão agradar e prender a atenção do leitor até a última linha.

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OH! PAJUÇARA

Oh! Pajuçara na encosta rasa,
Beleza extasiante em frente ao mar.
Dourada pelo sol que arde em brasa,
Ilumina co’amor o meu olhar.

Suas ondas se esbatem a espumar
Sobre as águas vestidas de dourado.
Jóia rara, esmeralda a flamejar,
Enleando meu eu apaixonado.

Sua grandeza me encanta e me seduz,
Domina Maceió cheia de luz,
Na imensidão de uma beleza rara...

Cingindo com esplendor o horizonte,
Tardes ardentes a perolar a fonte
Do amor qu’existe em mim, oh! Pajuçara.

Maceió, 11/07/2010

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.......................Ontem me pus a relacionar as palavras mais bonitas e significativas da língua portuguesa. Comecei por mar, música, flor, saudade, felicidade, amor, todas com significado profundamente humano, pois fazem parte dos nossos sonhos, dos nossos devaneios, dos nossos delírios. Mas cheguei à conclusão de que a mais bonita e mais forte é, sem dúvida, liberdade, capaz de levar o homem à luta e à morte, tornando-o herói, escrevendo as páginas mais bonitas da nossa história.
.......................Nascida em Pernambuco e conhecedora de sua história, eu sei de muitos conterrâneos que viveram sonhos de liberdade, lutando por seus ideais, dando a própria vida por eles, derramando pelas ruas úmidas do Recife o seu valoroso sangue.
.......................Eu mesma tenho um motivo muito especial para eleger a liberdade a palavra mais importante dentre todas. Explico: nasci na cidade de Goiana, interior de Pernambuco, tendo a honra de ter nascido na casa em que nasceu Joaquim Nunes Machado, um casarão imponente situado na antiga Rua da Baixinha. Nunes Machado, com seu espírito revolucionário, foi o herói da revolução Praieira, revolta de caráter liberal e federalista que eclodiu em 7 de novembro de 1848, devido ao veto dos senadores conservadores à indicação do liberal Antônio Chinchorro da Gama para uma cadeira no senado, o que provocou a revolta de grupos políticos liberais de Pernambuco. Além disso, os pernambucanos também estavam insatisfeitos com a falta de autonomia política das províncias e com a concentração de poder nas mãos da monarquia.
.......................Nunes Machado foi, portanto, o primeiro herói que aprendi a enaltecer e admirar, por sua coragem e por seu idealismo. Ele morreu gloriosamente em combate, em defesa de seus ideais, daquilo em que acreditava, que compreendia exatamente a liberdade.
.......................No entanto, a liberdade, apesar de ser a mais significativa das palavras, é preciso considerar que o homem, ao resolver abraçar qualquer ideologia, professar qualquer religião, exercer qualquer profissão, deve tomar cuidado para não ferir os direitos dos outros. Saber que uma idéia deve ser combatida com outra idéia e não com a força; saber que tudo, sob todos os aspectos, tem suas limitações, inclusive a liberdade, que não deve ser confundida com libertinagem, o que leva o homem, muitas vezes, aos excessos e às atitudes condenáveis.
.......................Mas, afinal, o que é a liberdade? Na visão do escritor, ensaísta e filósofo francês Voltaire, a liberdade é nada mais que o “potencial de agir”; significa a independência do ser humano. De forma positiva, liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. Não se trata de um conceito abstrato. Tomemos como exemplo o também filósofo francês Jean-Paul Sartre que buscou em seus escritos atribuir esta qualidade ao ser humano livre. Na equação entre Liberdade e Vontade observa-se que ser livre é a força-motriz, o instrumento para a liberação do homem.
.......................O homem tem o direito de fazer tudo o que quiser – certo – desde que suas atitudes não vão de encontro à lei, à moral e aos bons costumes. É claro que o homem jamais deverá ter sua liberdade cerceada e policiada no que diz respeito ao seu direito de ir e vir, à sua fé religiosa, à sua ideologia política, às opções escolhidas, mas tudo deve ser feito dentro da lei. A censura é arma abominável dos prepotentes que querem impingir sempre sua vontade pela força do seu poder e seu prestígio.
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..................................................AGORA, É ESPERAR POR 2014
.....................Fiquei triste com a desclassificação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo. Por mim e pela desolação de todos os brasileiros. Foi um momento de tristeza em que nosso coração patriota quase parou de tanta agonia. Agora, os “analistas” de plantão se arvoram em donos da verdade e culpam o Dunga por sua teimosia em não escalar esse ou aquele jogador, buscando algo que justifique a nossa derrota. Isso acontece sempre que a Seleção Brasileira não vence um mundial. É muito fácil ficar de fora palpitando o que deve ou não ser feito, criticando os que se encontram à frente de um time, treinando-o e determinando o que ele deve fazer. Mas vamos nos colocar no lugar de um treinador, com a responsabilidade que tem, com toda a carga de pressão recaindo sobre sua cabeça, com todas as cobranças. É complicado! Eu prefiro não apontar culpados, em campo ou fora dele, mas aceitar a derrota com serenidade, de cabeça erguida, e reverenciar a grande paixão brasileira. Houve falhas de nossa equipe? Houve. Mas agora não adianta chorar o leite derramado.
.....................Admito que é hora de se efetuarem mudanças profundas, a começar pelos dirigentes. Fazer uma reciclagem, escolhendo sangue novo e novos talentos para compor nossa Seleção.
.....................A Seleção Brasileira é amada e admirada por milhões de torcedores, não só no Brasil, como no mundo todo. Basta ver o noticiário. Aeroportos do mundo inteiro pararam para ver, em telões, o jogo Brasil x Holanda, o mesmo que nos trouxe a triste surpresa: o Brasil eliminado da Copa de 2010. E o inacreditável: num jogo em que ele foi melhor nos primeiros 45 minutos, dominando a Holanda e vencendo o primeiro tempo até com certa facilidade. No segundo tempo, porém, parece que um apagão atingiu nossos jogadores na etapa decisiva. Pois, o que vimos foi uma equipe nervosa, desequilibrada. Um jogo não se ganha somente com os pés, mas também com a cabeça. Todavia, as cabeças dos nossos atletas pareciam estar aéreas. E foi justamente esse desequilíbrio emocional que mandou nossa Seleção para casa mais cedo, enquanto a Holanda continuou jogando segura, não se desestabilizando nem quando o Robinho deu um gol ainda nos 9 minutos do primeiro tempo, gol que alimentou nossas esperanças.
.....................Desde o início do jogo dava para ver que a Holanda atacava bem, embora “pipocando” com certa frequência. Era o Brasil encostar e os holandeses “pipocavam”, isto é, atingiam nossos atletas e caíam como se tivessem sofrido falta violenta. A tática de irritar os jogadores brasileiros começou a dar certo, e foi aí que a Holanda partiu para cima. O que aconteceu dali para frente foi um verdadeiro apagão, o desespero que nos tirou da Copa.
.....................Como já disse acima, não pretendo apontar culpados. A derrota para a Holanda doeu, claro que doeu. Doeu mais porque nós víamos que os jogadores sofriam tanto quanto nós. A derrota em Port Elizabeth aconteceu porque o adversário era muito bom e soube aproveitar as falhas da nossa defesa.
.....................A Argentina também caiu. E de forma muito pior: batida pela Alemanha por 4x0, uma verdadeira goleada. Mas passado o primeiro impacto da derrota, ela certamente voltará ao Mundial de 2014 com a cabeça erguida e a mesma garra que a caracteriza.
Então, Brasil, bola pra frente. Agora, é pensar em 2014, quando será o Brasil quem sediará a Copa do Mundo, o que torna muito maior a responsabilidade da Seleção canarinho.



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