terça-feira, 3 de agosto de 2010

A dança de Salão no Brasil

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Coluna com Ary Buarque - Você Sabia?
A dança de Salão no Brasil
No início do século XIX ocorreram muitas transformações nos estilos de dança social. O minueto e a quadrille desapareceram e a Valsa começa a ser introduzida nos sofisticados salões europeus. E já no início do século XX a polka, o two-step, fox-trot e tango, também começam a ocupar espaço nos salões de baile. Os ingleses criam a Ballroom Dancing e a editam através da Imperial Society of. Teachers of. Dancing; trata-se de uma tentativa de codificar todos os ritmos do planeta e a forma de dançá-los.
Ao contrário do indígena, conforme Ellmerich, os negros conviviam com os senhores e aos poucos foi penetrando nos salões de baile. O lundu, que é uma dança vinda de Angola, como foi citado acima, foi uma dessas danças sincopadas, tipicamente africanas, que penetraram os salões dos brancos. São vários os relatos de historiadores que afirmam a presença negra na dança social.
Conforme Ellmerich, nos depoimentos contidos no livro “Ordem e Progresso” de Gilberto Freyre, têm-se o conhecimento que as danças de salão praticadas no fim do século XIX foram a polca, a valsa, a quadrilha, os lanceiros, o xote, e, para finalizar o baile, o galope. Tudo já era bastante contaminado com a influência européia. As moças iam ao baile de carnê onde eram anotados os compromissos para as danças. A etiqueta impunha na época bastante cerimônia no pedido para esta ou aquela dança: o cavalheiro tinha de reverenciar a dama e solicitar a excelência a honra de dançar com ela a próxima valsa ou polca.
Ainda em Ellmerich, ele afirma que Wanderley Pinho em seu livro “Salões e damas do Segundo Reinado” o seguinte:

“ As damas se aperfeiçoavam com mestres entendidos. Luís Lacombe não tinha mãos a medir e multiplicavam-se salões e saraus onde suas discípulas exibiam passos e passos de bem aprendidas graças coreográficas. Os cabeleireiros e os mestres de dança gozavam de grande prestígio e maiores proveitos. Enquanto o danseur se buscava em uma carruagem luxuosamente atrelada e se remunerava bem, o professor de línguas tinha que marchar a pé daqui para ali para lições pagas com usura.” (Ellmerich, p. 121).
Em 1811, o casal Luís Lacombe chegou ao Rio de Janeiro e anuncia aulas particulares de danças “próprias de sociedade”. O casal ficou e logo mais vieram mais três irmãos para auxiliá-los. Conforme o historiador, os quatro irmãos Lacombe eram todos dançarinos filhos de Louis Lacombe (Lisboa) com Maria Jodes (espanhola).
Mas não vieram somente eles, conforme relatos históricos tiveram inúmeros professores de dança social anunciando no Jornal do Commercio; em 12-10-1840, lê-se no jornal o seguinte anúncio:
“ Lições de Danças. Tendo chegado a esta corte Philipe Caton e sua mulher, têm a honra de participar ao respeitável público que pretendem dar lições de dança tanto em sua casa como em casas particulares; também darão lições em um ou dois colégios; advertem que ensinam todas as danças de costume e os mais bonitos boleros de sala, minuetos de diferentes modos como se usa em Montevidéu e Buenos Aires...” (ibidem, p. 122).
Conforme nos traz Luis Câmara Cascudo, o casal Caton, na noite de 03-07-1845, dançou no Teatro São Pedro a polca pela primeira vez no Brasil. O sucesso foi tamanho que três dias depois tiveram que abrir curso de polca.
São inúmeros os relatos que afirmam sobre a dança de salão brasileira e como a alta sociedade incorporava os estilos que vinham da Europa sobre os auspícios dos mestres de dança que aqui aportavam para ficar morando indefinidamente.
D. Pedro II, conforme consta, gostava de dançar a polca, a valsa e outras danças da época. A princesa Isabel juntamente com seu marido, o Conde d´Eu, faziam inúmeras festas e bailes no seu palácio (hoje com o nome de Guanabara).
O maxixe era considerado não só uma dança de negro como também de canalhas conforme nos traz Ellmerich; portanto não se dançava o maxixe em casas de família.
“A nossa dança de salão não tem a graça, a variedade, o ímpeto comum das danças européias. A sua coreografia em geral, é simples, não raro monótona. Tudo ganha em languidez. A valsa, movimentada e brilhante, virou aqui valsinha chorosa, bem mais do nosso gosto tropical. Houve exceções, contudo: a polca vivaz e a marchinha espevitada e alegre, embora com coreografias banais. Não temos mesmo uma dança figurada com a riqueza de movimentos do tango argentino, porque o samba é muito requebrado nos meios baixos, com uma nota de sensualidade grosseira, mas, quando ganhou os salões, da mesma forma que acontecera com o maxixe, banalizou-se por ter ficado honesto... A dança brasileira tem, porém, o destino de acompanhar a tristeza da sua música. Ela é quase toda, ou toda ela mestiçada. Guardou o ritmo africano e aproveitou as melodias que aqui chegaram e aqui se transformou para depois modificar todo esse numa criação própria e vivaz.”
Em geral essa é a visão da história da dança brasileira sob a ótica de um historiador da raça branca, cujo conhecimento cultural tenha se fixado na cultura européia e talvez tenha a necessidade de se debruçar um pouco mais na pesquisa dentro de nosso próprio continente.

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