terça-feira, 3 de agosto de 2010

Os Samurais na formação do Homem Moderno com Ary Buarque

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Coluna com Ary Buarque - Você Sabia?

Sobre os antigos samurais, pouco ou quase nada sabemos entretanto é fato a estreita relação com o feudalismo, cujo crescimento e desenvolvimento se deu durante um longo período de guerras, oriundas de conflitos por posse de terras. Fenômeno de uma sociedade rural, eles eram homens rudes, hábeis no manejo da espada e da cavalaria, artes que aprendiam desde cedo. Morrer em batalha a serviço do seu senhor, era considerado a morte mais adequada para um samurai. Acreditavam que uma morte honrada garantiria a vida eterna no outro mundo. Dentre os samurais, o mais citado é Myamoto Musashi. Era portanto, uma classe que surgida dos pequenos lavradores autônomos, ao se sentirem desprotegidos, organizavam-se para se defenderem, surgindo assim, a classe dos samurais ou bushis.
Em 1609 o Clã Satsuma, formado por samurais do Japão, invadiu e conquistou Okinawa, incorporando o arquipélago ao Império Japonês. A primeira providência foi a de proibir o porte e o uso de armas. Mas era muito tarde! Os nativos e pescadores olhados com desprezo pelos conquistadores, tinham em suas mãos sementes de uma das mais devastadores artes marciais conhecidas o Karatê-Dô.
O período de ocupação japonesa fez florescer diversos estilos de artes marciais, que ficaram conhecidas pelos nomes das cidades onde nasceram: Naha-Te e Tomari-Te. Em1879, Restauração Meiji,Okinawa se tornou uma prefeitura do Japão (equivalente aos nossos estados), aumentado bastante o intercâmbio entre os dois povos.
O mais famoso espadachim de todos os tempos Myamoto Musashi o mais exímio e ábio dos samurais japoneses, autor de "O Livro de Cinco Anéis" (Goriin No Sho), literatura que sintetiza o seu vasto conhecimento adquirido ao longo de uma vida de guerreiro corajoso e invencível.
Além de espadachim, era artista esculpia em madeira e pintava telas que até hoje atingem grande preço no Japão. Certa vez o questionaram porque usava a espada, já que sabia pintar tão bem e poderia viver facilmente da pintura. Musashi respondeu que para ele a pintura era um mero passatempo, que sua arte era mesmo a espada. Ao que se sabe seu pai, teria sido assassinado por um samurai, o que fez com que, órfão e desamparado acompanhasse um grande samurai durante anos, em suas andanças através do Japão, implorando que lhe ensinasse sua arte. O samurai contrariado com o garoto que nunca o abandonava, recusava-se a ensina-lo até que, habituado com sua presença, passou a usá-lo como cobaia de golpes novos que criava. Para esse treinamento valiam-se de ramos de árvores desfolhados, evitando assim os ferimentos que fatalmente ocorreriam se usassem a espada de verdade. Essa prática fez com que Musashi, pelo resto de sua vida, usasse um pedaço de pau ao atacar seus adversários, utilizando sua espada apenas para o golpe de misericórdia.
Tendo se tornado um fortíssima cultor de espada, matou o assassino de seu pai numa luta frente a frente e a partir daí tornou-se um samurai errante respeitado e temido por todo o Japão.
Pouco antes de sua morte, enclausurou-se em uma caverna nas montanhas de Kyushu, deixando registrado a sua filosofia, Seu livro tornou-se um clássico da sabedoria japonesa, tornando-se uma referencia fundamental para os estudiosos das artes marciais, tanto no Oriente como no Ocidente.
A importância da perseverança, da iniciativa, do autoconhecimento  e da paciência, principalmente durante os momentos de crise, são alguns dos ensinamentos que foram deixados por Musashi e incorporados aos ensinamentos das artes marciais.

Os samurais usavam duas espadas presas à faixa da cintura, com a lâmina para cima. A espada mais longa só era utilizada fora de casa, e a mais curta em todos os lugares. Nas sessões de treinamento, o mais comum era que se empregassem espadas de madeira e bambu.

Duelos e outras provas semelhantes eram comuns,  tanto com espadas de treinamento quanto com armas de verdade. Esses combates se realizavam diante de templos ou santuários, nas academias de Kendo, nas ruas e dentro dos muros dos castelos. Os duelos prosseguiam até a morte de um dos combatentes, ou sua invalidez.
                 

PARÁBOLA DO SAMURAI
Um samurai grande e forte, de índole violenta, foi procurar um pequenino monge.
-Monge disse numa voz acostumada à obediência imediata, ensina-me sobre o céu e o inferno!
O monge miudinho olhou para o terrível guerreiro e respondeu com o mais absoluto desprezo:
- Ensinar a você sobre o céu e o inferno? Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma. Você está imundo. Seu fedor é insuportável. A lâmina de sua espada está enferrujada. Você é uma vegonha, uma humilhação para a classe dos samurais. Suma da minha vista! Não consigo suportar sua presença execrável.
O Samurai enfureceu-se. Estremecendo de ódio, o sangue subiu-lhe ao rosto e ele mal conseguia balbuciar uma palavra de tanta raiva. Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decaptar o monge.
- Isto é o inferno, disse o monge mansamente.
O samurai ficou pasmo. A compaixão e a absoluta dedicação daquele pequeno homem, oferecendo a própria vida para ensinar-lhe sobre o inferno! O guerreiro foi lentamente baixando a espada, cheio de gratidão, subitamente pacificado.
- E isto é o céu, completou o monge com serenidade.
Zen.

Disciplina, lealdade e mestria nas artes marciais Antigas:

Durante 7 séculos (XII até XIX) o Japão foi governado por grandes guerreiros: os samurais [侍]. A disciplina, lealdade e a mestria nas artes marciais destacam-se como suas principais qualidades. Por muito tempo este guerreiro japonês representou o homem perfeito. “Assim como a flor de cerejeira é a flor por excelência, da mesma forma o samurai é, entre os homens, o homem por excelência”.
Os samurais surgiram durante um período conturbado da história do Japão, onde o imperador disputava o poder com os proprietários de terras e estes, por sua vez, lidavam com os impostos exorbitantes e as freqüentes invasões dos clãs rivais. O caos precisava ser contido e para isso os daimyôs (senhores feudais) começaram a montar o seu exército pessoal.
Estes guerreiros, além de excelentes cavaleiros, dominavam a arte da katana (espada japonesa) e do kyudo [弓道] (arco e flecha). Eram homens leais, resistentes, disciplinados, dignos, letais e não temiam a morte. Uma das mais importantes questões éticas abordadas no bushido [武士道] (código de conduta do samurai) dizia que o samurai não deveria temer a morte, mas sim encará-la como uma forma de renascimento. Jamais, em toda a história, fora registrado um código de ética tão exigente como o bushido.
A partir do século XIV os samurais passaram a se dedicar também a atividades culturais. Muitos inspiravam-se em um antigo ditado que dizia: “Bunburyodo”  [文武両道] (literatura e arte marcial em sintonia). O samurai Taira Tadanori [平忠度], presente no Heike monogatari [平家物語] (o conto de Heike) foi um dos que seguiu esse mandamento e ficou famoso também pelo seu talento com as palavras.
Durante o período Sengoku (também chamado de a era dos estados em guerra) os samurais viveram o auge de sua existência através das espadas de Oda Nobunaga [織田 信長], Toyotomi Hideyoshi [豊臣 秀吉] e Tokugawa Ieyasu [徳川 家康], os principais responsáveis pela reunificação do Japão. Nessa época o Japão tinha 260 daimyôs, cada um lutando pela sua participação no comando da nação.
Nobunaga ganhou notoriedade na batalha de Okehazama aos 26 anos quando liderou 3 mil samurais e derrotou 30 mil homens do clã Imagawa. Foi ele também o primeiro general a dominar as armas de fogo ocidentais. Quando já dominava toda a região central do país, foi assassinado em 1582 por um de seus principais oficiais, o general Akechi Mitsuhide [明智 光秀].
Logo em seguida, Toyotomi Hideyoshi assumiu o comando matando Mitsuhide e continuou a unificar o Japão. Além de restringir o porte de espadas somente aos samurais, Hideyoshi criou salários e transferiu-os todos para a circunvizinhança dos castelos. Em 1597, quando já dominava quase todo o território japonês, doente, deixou o controle nas mãos de 5 conselheiros. O desentendimento entre eles foi inevitável, o que deu origem a batalha de Sekihagara em 1600. Tokugawa venceu e em 1603 recebeu o título de xogum do imperador. Começou aqui o fim dos samurais.
Instaurada a ordem, Ieyasu transferiu a capital para Edo (atual Tóquio) e isolou o país do resto do mundo. Gradualmente os samurais foram se deslocando para outras áreas como contabilidade, política e  artes. Nessa época surgiram o teatro kabuki [歌舞伎], o teatro de bonecos bunraku [文楽] e a pintura ukiyoe [浮世絵].
Em 1869 o imperador Meiji, com o intuito de modernizar o Japão, contratou a assessoria militar francesa para reformar as forças armadas. Além de proibir o porte de espadas, o imperador também cortou o salário dos samurais. De repente 2 milhões de pessoas viram-se obrigados a encontrar uma outra atividade.
Entre os muitos insatisfeitos estava Takamori Saigo, do feudo de Satsuma e conselheiro do imperador Meiji. Após a sua proposta de invadir a Coréia ser indeferida, voltou para a sua terra natal e organizou um exército com 25 mil guerreiros. Em 1877 se rebelou contra o governo. Os conflitos duraram 8 meses e Takamori, já baleado no estômago, cometeu o seppuku. Em 1889 o imperador absolveu postumamente o último samurai.

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